Marconi Teixeira Fonseca - Doctoralia.com.br

Marconi Teixeira. Doutor em Medicina pela Universidade de São Paulo, Chefe do Serviço de Otorrinolaringologia do Hospital Socor e professor de Otorrinolaringologia da Faculdade de Medicina da UNI-BH.

Todos nós conhecemos pessoas, de diversas faixas etárias, que têm labirintite. A patologia pode ser também a primeira manifestação de uma doença sistêmica, ou, até mesmo, de um tumor do nervo vestíbulo-coclear. Portanto, surgidos os sintomas é importante procurar o médico otorrino, pois, como é comum se destacar em medicina, a prevenção evita problemas mais sérios. Entretanto, neste caso, na maioria das vezes o diagnóstico é mesmo de labirintite. Os transtornos do labirinto podem afetar tanto homens quanto mulheres em qualquer faixa etária, da criança ao adulto. Estima-se que seja a terceira causa de atendimento em pronto atendimento.

Labirintite significa inflamação do Labirinto. No entanto, é um termo empregado de forma indistinta e equivocada e que se popularizou para se referir a qualquer transtorno do labirinto, seja de origem inflamatória ou não inflamatória, que, aliás, são as mais prevalentes. O labirinto está localizado na porção interna do ouvido e é responsável pelo nosso equilíbrio.

O sintoma labiríntico fundamental é a vertigem, que é uma tontura rotatória. Outros sintomas associados são: instabilidade do equilíbrio, zumbido, redução ou flutuação da audição e sintomas neurovegetativos, como náuseas, vômitos, sudorese e dor de cabeça. A presença de um ou mais destes sintomas depende da causa da labirintite.

Existem dezenas de causas que podem gerar transtornos do labirinto, tanto intrínsecas do Labirinto, como Vertigem Postural Benigna, Doença de Méniere, Neuronite Vestibular e Labirintite infecciosa, quanto às extrínsecas, ou seja, de origem em outros órgãos, mas que atingem o labirinto, como vasculares, metabólicas, autoimune, psíquicas ou, também, por intoxicação química do labirinto.

Apesar de a recorrência ser comum entre as principais causas de labirintite, a incapacitação do indivíduo na vida laboral e social é uma situação de exceção. Contudo, dependendo da causa, pode afetar também a audição, levando à deficiência auditiva em grau variado.

A labirintite pode ser a primeira manifestação de uma doença sistêmica, ou, até mesmo, de um tumor do nervo vestíbulo-coclear. Hipertensão arterial, anemia e transtornos metabólicos, como diabetes e hipotireoidismo, podem se manifestar através de uma crise labiríntica.

Podemos prevenir labirintite com melhores hábitos de vida, como a prática regular de atividade física, sono adequado, e redução do consumo de nicotina, bebida alcoólica e cafeína, o que permite um tratamento mais bem sucedido. Porém, o fundamental é definir a causa, informação importante para prevenção e também na redução da frequência de recorrência dos episódios de labirintite.

Novos exames têm sido incorporados ao arsenal propedêutico para avaliação do labirinto, o que tem permitido definir a área do labirinto acometido, aumentando, assim, a acurácia no diagnóstico etiológico. Ao longo dos anos, houve evolução também no tratamento das afecções labirínticas. Medicamentos de maior eficácia e menor efeito colateral, realização de exercícios labirínticos, aplicação de drogas, através do tímpano, para absorção no labirinto, e técnicas cirúrgicas seletivas, a cada caso, passaram a permitir controle e cura dos transtornos labirínticos.

 

FONTE: Artigo publicado no jornal Estado de Minas, primeiro caderno / Opinião do Estado de Minas, no dia 14/09/2014